terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fraude em reintegração de posse no CRUSP


FRAUDE NA USP: lacres judiciais que selavam as portas dos quartos da "Moradia Retomada" foram clandestinamente violados. "Moradia Retomada" foi o nome dado ao espaço ocupado desde março de 2010 por estudantes que reivindicam mais vagas de moradia pública para estudantes carentes da Universidade de São Paulo - USP. Embora o espaço pertença ao Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo - CRUSP, era usado para funcionamento de salas da burocracia da Coordenadoria de Assistência Social - COSEAS até ser ocupado pelos estudantes. A ocupação faria dois anos em março de 2012. No CRUSP, de 1963 a hoje, nenhuma vaga foi cedida, nenhum bloco de moradia construído, nenhuma vaga aumentada sem que se apelasse para o recurso de ocupação. Todas as vagas existentes são provenientes de ocupações estudantis. A história do CRUSP é uma história de ocupações.

Após centenas de educados e gentis brutamontes da Tropa de Choque surpreender os poucos moradores que não viajaram, eles levaram presos doze estudantes, sendo oito de graduação, um de pós graduação, outro de intercâmbio, uma hóspede, uma visitante adolescente e um cachorro. A situação poderia ter sido resolvida com diálogo e negociação, mas nesse carnaval a Reitoria da universidade preferiu mobilizar o cinza monocromático do bloco CarnaCHOQUE, patrocinado pelo truculento Governo do Estado de São Paulo, para nos acordar com tiros, cacetetes e bloqueios, na escuridão da madrugada silenciosa. É o carnaval da ordem, é o anti-carnaval, velha onda da repressão, te impedindo de sair de casa no domingo ensolarado ou te obrigando a voltar para ela. A Tropa de Choque, invadiu o CRUSP irregularmente, atirou contra estudantes, quebrando vidros do Bloco F, obrigou estudantes da pós graduação do Bloco G a abrirem as portas dos seus apartamentos e saírem, ainda de camisola e de cueca para o corredor. Assim, de supetão, sem licença, sem mandato, invade e revista a casa, o quarto, a sala, o espaço onde se mora para estudar. Reitegração de Posse não pode ocorrer de noite, nem de fim de semana, nem sem mandato. Entrada e Revista em casa, apartamento, espaço residencial não pode ocorrer sem mandato de busca e apreensão específico e oficial de justiça. Lacre judicial só pode ser retirado por perícia policial designada. A violação de lacre judicial constitui crime previsto no código penal. Esperamos que essa banda-bando passe logo e não volte mais. Mas ao que parece o carnaval da ordem pela violência chegou para ficar. É o CarnaCHOQUE aí gente!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Relato de como a Moradia Retomada foi desocupada






Uma operação de guerra
O REItor Rodas enviou novamente à USP os seus apoiadores mais dedicados, a Tropa de Choque da PM. Eles invadiram o CRUSP, assím como na desocupação da reitoria, só que dessa vez para prender os estudantes que residiam na Moradia Retomada. O reitor esperou de forma covarde o momento em que o CRUSP estivesse vazio e num Domingo de Carnaval, às 5 horas da madrugada, mais de 200 policiais fortemente armados, com vários carros blindados, dezenas de viaturas e um helicóptero cercaram o CRUSP. Até um batalhão de cavalaria ficou estacionado no P1 aguardando ordens para agir. Um enxame de policiais se aproximou do Bloco G e arrombou a porta da Moradia Retomada, sem darem a possibilidade de que os moradores saíssem, um procedimento que seria padrão em operações de reintegração de posse. Não! A ordem era prender todos, identificá-los e ficha-los para que possam sofrer processos criminais e administrativos. Os policiais nos enfileiraram na sala e nos obrigaram a entregar o RG e a carteirinha da USP, numa clara tentativa de achar não-estudantes e classificar nosso movimento para a imprensa, como algo estranho a Universidade. O que não conseguiram, já que dos 12 estudantes detidos, apenas 3 não eram estudantes da USP, sendo duas delas visitantes e outra, namorada de um morador. Nada do que não se veja em qualquer moradia estudantil. 


Os moradores do CRUSP são vistos como inimigos
No Bloco G, vários andares vizinhos da Moradia foram revistado por policiais, que obrigaram os moradores a saírem de seus quartos, alguns até com roupas íntimas, para que seus quartos pudessem ser revistados na busca por algum estudante subversivo ou máquina filmadora que contenham imagens da ação policial. As portarias de alguns blocos foram bloqueadas pela polícia para impedir que os moradores descessem. No Bloco F, vários moradores tentaram protestar contra o fato de que o CRUSP mais uma vez foi transformado em um presídio a céu aberto e arremessaram lixos pelas janelas. A Tropa de Choque respondeu atirando balas de borracha e janelas de uma cozinha foram estilhaçadas.
Um fato marcante na operação foi a presença do Superitendente da Coseas Waldir Antônio Jorge, o braço direito do líder supremo e que toma conta do nosso campo de concentração chamado CRUSP. Outra que marcou presença na operação foi a “assistente social” Marília Zallaf. Esses puxa-saco do Rodas só não apanharam dos moradores porque se esconderam atrás do cordão de isolamento da polícia.


A mentira do comandante da PM
Durante a detenção na Moradia, o comandante da polícia mentiu ao nos dizer que seriamos liberados assim que nos identificássemos. Entretanto, pegaram os documentos de todos e anunciaram que seriamos levados em um ônibus para a delegacia. Ao serem questionados, os policiais se negaram a ler a ordem judicial e arrastaram alguns moradores até o ônibus de forma truculenta, inclusive uma garota grávida de 6 meses, enquanto a arrastavam tapavam sua barriga com lençol na tentativa de esconder tal trubalidade. Até o cão Bôbo, que é o mascote da Moradia, foi preso. Veja novo video no youtube bit.ly/yWt3qE, que monstra a arbitrariedade das prisões.
Dentro do ônibus, os policiais fecharam todas as janelas e cortinas para impedir que os cruspianos vissem-nos presos. Uma estudante abriu as cortinas e foi agredida por policiais que apertaram sua nuca e seus braços. Vários estudantes se colocaram na frente do ônibus para impedi-lo de passar e só foram removidos com a ação da tropa de choque.


Na delegacia
Ao chegarmos à delegacia, uma estudante perguntou ao delegado para aonde estávamos sendo levados. O delegado falou que nós iríamos conhecer “Auschwitz”. Ficamos num primeiro momento detidos no pátio de Inverno da delegacia e fomos sendo chamados um a um para prestar depoimento. E ao se negarmos falar sem a presença de um advogado, o que é um direito constitucional, tentaram nos intimidar de várias formas. Uma estudante negra do curso de letras foi chamada de moradora de rua e analfabeta, dando a entender que seria estranho uma negra ser estudante da USP. Outra estudante do curso de filosofia foi chamada de vaca suja. Um estudante colombiano da pós-graduação foi chamado de filho-da-puta e foi dito que aqui não era o seu país, enquanto era chacoalhado pelo delegado, assim como foi feito com um estudante chileno de arquitetura. Essa é a internacionalização que a USP pretende fazer... a internacionalização da repressão?


Dentro das celas
Depois disso, o delegado nos mandou para as celas da delegacia. Fomos separados por sexo e a menor de idade também ficou presa numa terceira cela, configurando-se assim, mais uma aberração jurídica! A cela tinha cerca de 1,5m por 2m e estavam em condições degradantes. O chão estava sujo de urina, a latrina transbordava fezes, as paredes estavam sujas de sangue e um cheiro forte de creolina subia do chão. Somando-se isso ao calor insuportável do ambiente, era quase impossível se respirar! Muitos não conseguiram nem se sentar e passaram mal! Fomos tratados que nem lixo e guardaremos isso pelo resto de nossas vidas. Ficamos lá por cerca de 10 horas, o que para nós durou uma eternidade... Em meio a essa situação, estava a estudante grávida que passou mal e chegou inclusive a desmaiar e só foi tirada da prisão e levada para um hospital, depois de gritos de socorro.
Estudantes e trabalhadores solidários a nossa situação se aglomeraram do lado de fora da delegacia e compraram comida, já que não comiamos nada desde o dia anterior e tiveram muita dificuldade para que o delegado deixasse nos entregar. Nossa advogada chegou a tarde e teve grandes dificuldades para conseguir falar conosco, pois, os policiais não queriam nem mesmo abrir as portas da celas, o que só foi conseguido depois de um escarcéu que a mesma fez na delegacia. 


As agressões até o IML e mais constrangimento
De tarde, começaram a chegar alguns veículos de imprensa na delegacia e o delegado, que já tinha até falado em nos deixar presos durante o carnaval, com receio da má repercussão do caso, resolveu agilizar a nossa situação e nos imputou uma fiança de um terço de um salário mínimo, por pessoa (cerca de R$2.400,00 no total) e nos encaminhou para o IML, para fazermos o exame de corpo de delito. Fomos transportados nos bagageiros dos camburões da polícia e no caminho, começaram um tipo de tortura utilizado pela PM, que é fazer zigue-zagues com o veículo para que batêssemos a cabeça e ralássemos nossas costas nos escudos da tropa de choque, pois não tínhamos aonde nos segurar. Também faziam comentários do tipo “se pudesse, botava todo mundo em fila e metia fogo”.
No IML, as mulheres foram submetidas a outra situação humilhante. Só havia um médico legista homem, que as obrigou a tirar toda a roupa, inclusive a calcinha, sob a ameaça de que voltariam todas para a cadeia caso se recusassem. Um procedimento desnecessário, uma vez que as mesmas haviam dito que não haviam machucados nessas partes, assím como ocorreu na prisão da ocupação da reitoria quando as presas foram examinadas por uma médica e não precisaram tirar toda a roupa. 
Depois disso, voltamos para as celas imundas e fomos soltos só no final da tarde, após nos ficharem e assinarmos o alvará de soltura. A fiança foi paga pela Amorcrusp, por Centros Acadêmicos e sindicatos que se solidarizaram com a nossa situação.


O depois
Após esse dia de terror, nos deparamos com a situação de não termos mais uma moradia e tivemos que contar com a solidariedade de moradores do CRUSP que estão nos abrigando como hóspedes. Nossos bens estão até hoje presos dentro da Moradia e muitos estudantes estão apenas com a roupa do corpo. Conhecendo as medidas de perseguição e repressão existe a possibilidade iminente do processo criminal ser levado adiante assim como sermos expulsos da universidade. Os estudantes estrangeiros correm o sério risco de serem deportados para seus países. O próprio Waldir, em uma reunião com a Amorcrusp nessa sexta-feira, disse que todos sofrerão processos administrativos e provavelmente serão expulsos da Universidade. Este é o tratamento dado por este orgão que ao contrário de expulsar deveria estar cuidadando do alojamento destes estudantes, que justamente somente viviam la por não terem recebido sua vaga, e que agora estão na rua.
É esse o tipo de tratamento que uma Universidade pública que se diz democrática deve dar a estudantes que não têm um lugar para morar enquanto fazem o seu curso? Quem serão as próximas vítimas?


- Chega de repressão e perseguição política!
- Greve Geral na USP!
- Fora PM! Fora Waldir! Fora Rodas!
- Abaixo os processos, as prisões e expulsões na Universidade!
- Pela devolução da Moradia Retomada e dos Blocos K e L para os estudantes!
Movimento de luta por permanência estudantil – Moradia Retomada
                              
CRUSP – 26/02/12

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Em defesa da Moradia Retomada - USP! Contra a reintegração de posse e o despejo de estudantes!


No dia 17 de janeiro de 2012, foi publicado no Diário Oficial que a reintegração de posse da Moradia Retomada – USP, espaço de moradia estudantil gerido pelos estudantes há um ano e dez meses na cidade universitária, deveria ser executado no prazo máximo de 20 dias.

Para atestar as condições em que os estudantes mantêm o espaço, os moradores convidaram professores e funcionários para formarem uma comissão e visitarem o local, antes que a tropa de choque e a polícia pudessem vir a causar danos.

Os professores Luiz Martins (Escola de Comunicações e Artes), Jorge Luiz Souto Maior (Faculdade de Direito), Reinaldo Pacheco (Escola Politécnica) e os funcionários, e diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Magno de Carvalho (Escola de Comunicações e Artes) e Aníbal Ribeiro Cavali (Faculdade de Direito) visitaram a Moradia Retomada no dia 30 de janeiro de 2012.

A Comissão elaborou o relato abaixo reproduzido:

Visitamos o espaço da Moradia Retomada, no dia 30 de janeiro de 2012, e verificamos que os estudantes têm plenas condições, por intermédio de sua auto-organização, de gerir a moradia. O espaço se encontra inteiramente limpo, organizado, com as paredes recém-pintadas pelos estudantes. Atestamos a integridade do espaço físico, mantido com responsabilidade de quem cuida e zela pelo local onde mora.
Constatamos, também, que há uma grande sala com computadores, que é mantida limpa e trancada pelos moradores. Fomos informados que antes da retomada esta sala era gerida pelo Banco Santander e que os computadores não eram patrimônio USP. Os alunos disseram que não obtiveram nenhum esclarecimento por parte da reitoria da Universidade acerca dos termos do acordo que permitiram ao Banco Santander se apropriar de um espaço de moradia estudantil. Permanecem, no local, os computadores, mantidos com cuidado e segurança.
Além de declararmos a integridade física do espaço mantida pela organização dos moradores, constatamos que o prédio ocupado, todo ele, é destinado a moradia de estudantes e está sendo utilizado para essa finalidade, o que torna sem sentido a iniciativa da Reitoria de pretender a retomada de parte do prédio para utilizá-lo para finalidade diversa.


Saiba mais sobre a Moradia Retomada:
Essa moradia, que é um dos alvos da Reitoria da USP, tem um importante histórico de luta que há décadas a burocracia da universidade tenta apagar. Na década de 60 o espaço foi sede da AURK – Associação Universitária Rafael Kauan –, que cumpria o papel de organizar os estudantes na luta contra a repressão e os ataques a liberdades democráticas, também abrigando o DCE da USP e a UEE-SP quando essas entidades foram colocadas na clandestinidade pela ditadura militar.

Após os dez anos de fechamento do CRUSP – Conjunto Residencial da USP – pela ditadura, a moradia estudantil foi reaberta e o espaço do bloco G do CRUSP que antes eram apartamentos da moradia e abrigavam as entidades estudantis de luta foram transformados em escritórios e tomados pela burocracia da universidade.

No ano de 2010 o espaço de moradia estava sendo utilizado pela COSEAS- Coordenadoria de assistência social da USP e pelo Banco Santander. Diante da falta de vagas no CRUSP e necessidade de políticas efetivas de permanência estudantil, os estudantes moradores do conjunto, reunidos em assembléia, decidiram no dia 17 de março de 2010 retomar o espaço como moradia estudantil.

Há um ano e dez meses, os estudantes seguem gerindo o espaço e sendo uma importante alternativa de moradia aos muitos que são excluídos pelo processo de seleção realizado pela COSEAS. Diferentemente de tal coordenadoria, a Moradia Retomada organiza um processo de recepção com critérios socioeconômicos que não visa ser um funil e eliminar estudantes oriundos de camadas populares como faz a burocracia da universidade, mas sim defender que todos os estudantes que precisem tenham o direito a permanência estudantil garantido.


Calendário Cultural de Resistência da Moradia Retomada


Sexta-feira 
03/02

Sábado 
04/02

Domingo 
05/02

Segunda-feira 06/02

Terça-feira 
07/02

Sarau da resistência 23 h
Cinema
a  partir das 0h
filmes: Servidão Moderna,    Os Companheiros,    Panteras Negras
Churrasco da gente diferenciada  a partir das 22h
Expressões artísticas 21h – traga seu instrumento
Campeonato de xadrez – 21h e concentração dos panfleteiros da matrícula