sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Em defesa da Moradia Retomada - USP! Contra a reintegração de posse e o despejo de estudantes!


No dia 17 de janeiro de 2012, foi publicado no Diário Oficial que a reintegração de posse da Moradia Retomada – USP, espaço de moradia estudantil gerido pelos estudantes há um ano e dez meses na cidade universitária, deveria ser executado no prazo máximo de 20 dias.

Para atestar as condições em que os estudantes mantêm o espaço, os moradores convidaram professores e funcionários para formarem uma comissão e visitarem o local, antes que a tropa de choque e a polícia pudessem vir a causar danos.

Os professores Luiz Martins (Escola de Comunicações e Artes), Jorge Luiz Souto Maior (Faculdade de Direito), Reinaldo Pacheco (Escola Politécnica) e os funcionários, e diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Magno de Carvalho (Escola de Comunicações e Artes) e Aníbal Ribeiro Cavali (Faculdade de Direito) visitaram a Moradia Retomada no dia 30 de janeiro de 2012.

A Comissão elaborou o relato abaixo reproduzido:

Visitamos o espaço da Moradia Retomada, no dia 30 de janeiro de 2012, e verificamos que os estudantes têm plenas condições, por intermédio de sua auto-organização, de gerir a moradia. O espaço se encontra inteiramente limpo, organizado, com as paredes recém-pintadas pelos estudantes. Atestamos a integridade do espaço físico, mantido com responsabilidade de quem cuida e zela pelo local onde mora.
Constatamos, também, que há uma grande sala com computadores, que é mantida limpa e trancada pelos moradores. Fomos informados que antes da retomada esta sala era gerida pelo Banco Santander e que os computadores não eram patrimônio USP. Os alunos disseram que não obtiveram nenhum esclarecimento por parte da reitoria da Universidade acerca dos termos do acordo que permitiram ao Banco Santander se apropriar de um espaço de moradia estudantil. Permanecem, no local, os computadores, mantidos com cuidado e segurança.
Além de declararmos a integridade física do espaço mantida pela organização dos moradores, constatamos que o prédio ocupado, todo ele, é destinado a moradia de estudantes e está sendo utilizado para essa finalidade, o que torna sem sentido a iniciativa da Reitoria de pretender a retomada de parte do prédio para utilizá-lo para finalidade diversa.


Saiba mais sobre a Moradia Retomada:
Essa moradia, que é um dos alvos da Reitoria da USP, tem um importante histórico de luta que há décadas a burocracia da universidade tenta apagar. Na década de 60 o espaço foi sede da AURK – Associação Universitária Rafael Kauan –, que cumpria o papel de organizar os estudantes na luta contra a repressão e os ataques a liberdades democráticas, também abrigando o DCE da USP e a UEE-SP quando essas entidades foram colocadas na clandestinidade pela ditadura militar.

Após os dez anos de fechamento do CRUSP – Conjunto Residencial da USP – pela ditadura, a moradia estudantil foi reaberta e o espaço do bloco G do CRUSP que antes eram apartamentos da moradia e abrigavam as entidades estudantis de luta foram transformados em escritórios e tomados pela burocracia da universidade.

No ano de 2010 o espaço de moradia estava sendo utilizado pela COSEAS- Coordenadoria de assistência social da USP e pelo Banco Santander. Diante da falta de vagas no CRUSP e necessidade de políticas efetivas de permanência estudantil, os estudantes moradores do conjunto, reunidos em assembléia, decidiram no dia 17 de março de 2010 retomar o espaço como moradia estudantil.

Há um ano e dez meses, os estudantes seguem gerindo o espaço e sendo uma importante alternativa de moradia aos muitos que são excluídos pelo processo de seleção realizado pela COSEAS. Diferentemente de tal coordenadoria, a Moradia Retomada organiza um processo de recepção com critérios socioeconômicos que não visa ser um funil e eliminar estudantes oriundos de camadas populares como faz a burocracia da universidade, mas sim defender que todos os estudantes que precisem tenham o direito a permanência estudantil garantido.

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